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19 . 05 . 2015

Mês da Saúde Mental movimenta equipe de saúde em Almirante Tamandaré do Sul

 

“Pro lado de cá, não tem acesso, mesmo que me chamem pelo nome, mesmo que admitam meu regresso. Toda vez que eu vou, a porta some, a janela some na parede. A palavra, de água, se dissolve…”, estas são palavras de Neto, jovem colocado em um manicômio sem motivo algum. Está história é retratada no filme “Bicho de Sete Cabeças”, que representa a sociedade por detrás dos muros de um hospital, onde não existe espaço para alguém que por algum motivo, algum dia, foi excluído.

 

A Secretaria de Saúde, Habitação e Assistência Social de Almirante Tamandaré do Sul aderiu o mês de maio como o Mês da Saúde Mental e, levando em conta o Dia Nacional da Luta Antimanicomial no dia 18 de maio, foram realizadas algumas ações para a conscientização da comunidade tamandareense.

 

Na tarde de segunda-feira (18) houve a passeata nas ruas da cidade, orientada pela equipe responsável, coordenadora e psicóloga, Silvana Munbach Fragozo, enfermeira, Rosangela Teixeira da Rosa, extencionista do escritório da Emater/RS-Ascar, Terezinha Fusinger, funcionários da Unidade Básica de Saúde e as agentes de saúde do município. Acompanharam a passeata ainda as integrantes do Grupo de Saúde Mental da Unidade Básica de Saúde, as quais todas as segundas-feiras realizam atividades psicoterápicas e em parceria com o escritório municipal da Emater/RS-Ascar desenvolve habilidades manuais, feitas pela extencionista.

 

O movimento da luta antimanicomial se caracteriza pelos direitos das pessoas com sofrimento mental. Para a psicóloga, Silvana Fragozo, todo o cidadão tem o direito a viver em sociedade e receber cuidados e tratamentos sem que para isto tenha que abrir mão de seu lugar de cidadão. “A meta do movimento é a substituição dos hospitais psiquiátricos tradicionais, por serviços abertos que possam atender às diferentes formas e momentos em que o sofrimento mental surge e se manifesta”, explica.

 

Para que haja uma sociedade sem manicômios, que até então eram hospitais responsáveis e especializados no tratamento de doenças mentais, a reforma psiquiátrica foi avançando no Brasil, com a criação do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e leitos em hospitais convencionais. 

 

Ainda neste mês foram realizadas atividades como confecção de cartazes e informativos para a divulgação da campanha e apresentação de vídeos que mostraram as realidades dos hospitais manicomiais. Segundo Silvana, em Almirante Tamandaré do Sul não existe casos extremos de saúde mental diagnosticado, mas as poucas internações são tratadas com cautela e a equipe da Unidade está apta para ajudar os tamandareenses da melhor forma possível, sempre garantindo a socialização do paciente. “Não podemos afirmar que não existam casos severos, pois talvez não venham até nós. Os Transtornos Mentais independente de grau são atendidos e encaminhados conforme a sua necessidade” diz.

 

O que é reforma psiquiátrica?


A Reforma Psiquiátrica surgiu para gradativamente substituir os grande hospitais manicomiais por pequenos hospitais ou enfermarias especializadas no tratamento de psiquiatrias autorizados por lei específica. Os doentes com quadros leves a moderados são acompanhados em ambulatórios hospitalares e de acordo com a atual política de saúde, devidamente regulamentada por lei, devem viver em sociedade, para promover a reinserção social, como no Brasil existia pela constituição brasileira de 1946, derrubada pela constituição brasileira de 1988.

 

A reforma psiquiátrica atuou transformando valores, entre eles, os valores sociais. No filme Bicho de Sete Cabeças fica bem clara a atitude da sociedade com qualquer pessoa que demonstra algum comportamento diferente, ou seja, que está fora daquilo que a mesma considera normal. O filme é, sem dúvidas, um meio de ter mais conhecimento sobre esse processo angustiante ocorrido no Brasil.