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Raiva em herbívoros
Raiva em herbívoros
A raiva é uma doença aguda do Sistema Nervoso Central (SNC) que pode acometer todos os mamíferos, inclusive os seres humanos. É caracterizada por uma encefalomielite fatal causada por vírus do gênero Lyssavirus.
A Raiva é considerada uma das zoonoses de maior importância em Saúde Pública, não só por sua evolução drástica e letal, como também por seu elevado custo social e econômico. O principal transmissor da raiva dos herbívoros é o morcego hematófago da espécie Desmodus rotundus, sendo que essa espécie é abundante em regiões de exploração pecuária. Os herbívoros também podem, em raras situações, infectar-se pela agressão de cães, gatos e outros animais silvestres raivosos (infectados pelo vírus da Raiva).
No Brasil, a raiva dos herbívoros pode ser considerada endêmica e em graus diferenciados, de acordo com a região. Desde que foi identificada em nossos rebanhos, a Raiva tem acarretado importantes prejuízos ao patrimônio pecuário nacional, demandando firme compromisso da sociedade brasileira na busca do seu efetivo controle. Para isso, os produtores devem ter o hábito de monitorar, em seus animais, a presença de lesões provocadas por morcegos hematófagos (mordeduras).
No RS, dezesseis focos de raiva herbívora foram registrados em 2019. Técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) estão acompanhando a situação na região de Soledade, que tem quatro focos registrados. A incidência da raiva herbívora este ano abrange vários municípios. Entre os municípios afetados estão Soledade, São Valentim, Muçum, Ibirapuitã, Tio Hugo, Mormaço, Forquetinha, Santo Antônio da Patrulha, Canudos do Vale, Ivoti, Salto do Jacuí, Santa Clara do Sul, Vale do Sol e Venâncio Aires. Estes municípios já registraram mais de 60 animais mortos (até o dia 4 de Abril).
Notificação da ocorrência de Raiva
O proprietário deverá notificar de imediato, ao Serviço Veterinário Oficial, a ocorrência ou a suspeita de casos de raiva, assim como a presença de animais atacados por morcegos hematófagos ou a existência de abrigos desses morcegos. A não notificação coloca em risco a saúde dos rebanhos da região, podendo expor o próprio homem à enfermidade. Sendo a raiva uma enfermidade de notificação compulsória (obrigatória), caberá sanção legal ao proprietário que não cumprir com esta obrigatoriedade. Quando se suspeita de raiva em um animal é indispensável recorrer a um veterinário da Inspetoria Veterinária do município (IDA e EDA) para a realização de uma necropsia e coleta de material para exames laboratoriais e confirmação da doença.
Sinais Clínicos nos Herbívoros
Passado o período de incubação, podem surgir diferentes sinais da doença, sendo a paralisia o mais comum, porém pode ocorrer a forma furiosa, que leva o animal a atacar outros animais ou seres humanos. O sinal inicial é o isolamento do animal, que se afasta do rebanho, apresentando certa apatia e perda do apetite, podendo apresentar-se de cabeça baixa e indiferente ao que se passa ao seu redor. Seguem-se outros sinais, como aumento da sensibilidade e prurido na região da mordedura, mugido constante, tenesmo, hiperexcitabilidade, aumento da libido, salivação abundante e viscosa e dificuldade para engolir (o que sugere que o animal esteja engasgado). Com a evolução da doença, apresenta movimentos desordenados da cabeça, tremores musculares e ranger de dentes, midríase com ausência de reflexo pupilar, incoordenação motora, andar cambaleante e contrações musculares involuntárias. Após entrar em decúbito, o animal não consegue mais se levantar e ocorrem movimentos de pedalagem, dificuldades respiratórias, opistótono (cabeça e pescoço formam uma posição em arco côncavo para trás), asfixia e finalmente a morte, que ocorre geralmente entre 3 a 6 dias após o início dos sinais, podendo prolongar-se, em alguns casos, por até 10dias.
Uma vez iniciados os sinais clínicos da raiva, nada mais resta a fazer, a não ser isolar o animal e esperar sua morte, ou sacrificá-lo na fase agônica. Nunca se deve aproveitar para consumo a carne de animais com suspeita de raiva. A manipulação da carcaça de um animal raivoso oferece risco elevado, especialmente para os profissionais nos açougues, cozinheiros, ou funcionários da indústria de transformação de carnes.
Deve-se ter extrema cautela ao lidar com animais suspeitos, pois pode haver perigo quando pessoas não preparadas manipulam a cabeça e o cérebro ou introduzem a mão na boca dos animais, na tentativa de desengasgá-los. Caso isso ocorra, deve-se procurar imediatamente um Posto de Saúde para atendimento.
Tratamento
Não há tratamento e a doença é invariavelmente fatal, uma vez iniciados os sinais clínicos. Somente para o homem, as vacinas antirrábicas são indicadas para tratamento pós-exposição. Há também o recurso da aplicação de soro antirrábico homólogo (HRIG) ou heterólogo. A imunidade passiva, conferida pela imunoglobulina antirrábica, persiste, no máximo, por apenas 21 dias.
Vacinação
Na profilaxia da raiva dos herbívoros, será utilizada vacina inativada, na dosagem de 2 (dois) ml, administrada pelo proprietário, através da via subcutânea ou intramuscular. Nas áreas de ocorrência de raiva, a vacinação será adotada
sistematicamente, em bovídeos e equídeos (cavalos) com idade igual ou superior a 3 (três) meses, sob a supervisão de Médico Veterinário (animais primo-vacinados deverão ser revacinados após 30 dias). O atestado de vacinação antirrábica será expedido por Médico Veterinário, sendo válido pelo período de proteção conferido pela vacina usada. A duração da imunidade das vacinas para uso em herbívoros, para efeito de revacinação, será de no máximo 12 (doze) meses. Portanto, os produtores devem realizar a vacinação anualmente de todo orebanho.
Setor Veterinário da Secretaria Municipal de Agricultura